Entenda o que é a reabilitação neurofuncional e como essa especialidade da fisioterapia pode transformar o estilo de vida de pacientes com disfunções motoras causadas por lesões cerebrais
por Dr. João Vitor Oblanca, COFFITO
É muito comum conhecermos pessoas que perderam alguma função motora em virtude de lesões cerebrais causadas pelos mais diversos motivos, seja por traumas no crânio ou medula e até mesmo o AVC (Acidente Vascular Cerebral), que representa a maioria dos pacientes que atendemos na clínica.
Como fisioterapeuta, estou habilitado para avaliar lesões e, a partir de um diagnóstico funcional ou fisioterapêutico, aplicar e gerenciar um tratamento utilizando meios físicos à base de atividades e exercícios dirigidos, com o apoio de aparelhos especiais para cada patologia. Quando decidi me especializar em reabilitação neurofuncional canalizei todo meu trabalho exclusivamente para pacientes com lesões cerebrais, uma área ainda pouco difundida e com largo campo de aplicação.
Seja na clínica ou na casa do paciente, meu atendimento é individual e 100% dirigido. Em muitos casos fico horas do dia com o mesmo paciente, em um desejo coletivo de buscar o progresso e a reabilitação em seus diversos níveis.
Uma das técnicas mais promissoras aplicadas por mim se chama Contensão Induzida, uma técnica de reabilitação desenvolvida pelo neurocientista Edward Taub na Universidade do Alabama, EUA, para pessoas com uso assimétrico dos membros superiores. Essa técnica permite que os pacientes tenham chance de “reaprender” a usar o membro acometido, estimulando a força e o uso do mesmo. É um protocolo de 30 horas de treino, em um período de três horas por dia durante 2 semanas.
Quando a reabilitação é de membros inferiores, a técnica com maior comprovação científica de êxito é o Treino Locomotor, uma série de terapias que tratam disfunções na marcha, ou seja, no andar. O protocolo que aplicamos na clínica é de 40 horas em quatro semanas.
Quando falamos de prazo para aplicação de terapia estamos falando também de uma das características fundamentais do cérebro humano: a plasticidade. Quando uma região do cérebro é afetada, é possível trabalharmos para criar novas habilidades em outras regiões, contudo o tempo entre a lesão e o início dos tratamentos pode ser definitivo para o sucesso da reabilitação. Estudos apontam que, no caso do AVC, por exemplo, a janela mais promissora para o trabalho fica entre o 1º e o 4º mês após a lesão.
Já são 10 anos que atuo como fisioterapeuta, e nesse caminho vi muitas pessoas receberem de volta a capacidade de participar de suas próprias vidas, um trabalho que não envolve apenas o paciente, mas toda sua rede de convívio, para quem também dirijo meu atendimento e apoio.
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