Em tempos de pandemia, reclusos em seus santuários, o turismo nunca esteve tão em alta nas nossas cabeças. Sim, a despeito de todas as restrições de viagens, o tema nunca foi tão popular nas redes sociais, e duvido que tenha uma pessoa que não sonhe com planos otimistas pós-pandemia. Mas para quem, como eu, acha que a vida é pra ser vivida agora, separei alguns top destinos do AirBnb que podem ser visitados em tempos de isolamento, saindo de Maringá e região com seu próprio carro, seguindo todos os cuidados de biossegurança para desfrutar de destinos exóticos onde a integração com a natureza é plena. Aperte os cintos!
por Nathalia Samorano
Casa do Cais
Centro Histórico de Paraty, RJ
Quando eu fui pela primeira vez a Paraty eu estava buscando a experiência do que seria viver na cidade, porque sou louca pela história colonial do nosso país. Acabei descobrindo essa casa pelo AirBnb e me apaixonei por ela e pela história dela. A proprietária da casa, hoje minha amiga, mora em Paris. Ela me explicou que a casa foi comprada por seus pais logo após esta ter sofrido um incêndio, que começou no posto de combustível que havia do lado. Depois de reformada, a casa passou a fazer parte dos melhores momento da família, que morava em São Paulo e desciam para Paraty curtir os feriados e finais de semana. Paraty tem mais de 350 anos, e essa casa, que faz parte do patrimônio histórico da região, foi originalmente uma mercearia com uma casa no piso superior, já que a casa não fica na rua dos casarões nobres, mas na rua que servia o cais. O interessante dessa rua é que, ao amanhecer, ela está seca, mas lá pelas 15h ou 16h a maré sobe e as ruas do centro históricos ficam todas submersas, tem até barreiras nas portas para evitar que a água entre. Há duas explicações possíveis para esses fenômenos: na época de sua fundação, não existia saneamento básico na cidade, então os desejos eram depositados nas ruas para a maré levar, como se fosse uma grande descarga coletiva [rsrsrsrs]. Outros dizem que os pioneiros, fundadores de Paraty, eram da maçonaria, e que estes acreditavam que a maré tem o poder de limpar todas as impurezas mundanas, trazendo um novo ciclo todos os dias. Enfim, Paraty é fantástica em cada detalhe.
Pousada Catarina
Praia Grande em Paraty, RJ
Depois de me hospedar diversas vezes no meu endereço preferido do Centro Histórico de Paraty, comecei a buscar uma experiência diferente, dentro da mesma cidade. Acabei encontrando uma casinha de pescador bem no estilo “pé na areia”, de frente para o mar e para o nascer do sol mais lindo que eu já vi. Essa casinha, que hoje é a principal suíte de uma pousada, também foi palco da infância da proprietária do estabelecimento. Filha de mãe cozinheira e de pai pescador, ela e seus três irmãos foram criados nesse paraíso particular, até que o destino os levou para São Paulo e a casa ficou abandonada por um tempo, até que essa filha decidiu voltar às origens, abrir um quiosque ao lado da casa e morar ali novamente. A ideia de uma pousada derivou dessa casa, que permanece com todos os elementos e rusticidade da época em que ela era menina. E não posso deixar de registrar: o café da manhã, incluso na diária, também é preparado por ela, com pães frescos e muitas iguarias servidas em porcelanas portuguesas pintadas à mão. Maravilhoso!
Casa Rio Sagrado
Morretes, PR
Logo que começou a pandemia eu precisava (desesperadamente) de um local pra me desligar, mas que fosse relativamente perto para ir de carro e que neutralizasse a sensação de confinamento do meu apartamento. Então comecei a procurar casas em Curitiba... Antonina... Morretes! Em Morretes encontrei um chalé perfeito, imerso na serra do mar, no meio da Mata Atlântica às margens do Rio Sagrado. Tem até uma cachoeira no terreno. Essa casa é meio mística, porque a sensação de estar imerso em outro tempo começa desde o momento em que você chega, porque lá não tem vizinhos, não tem sinal de Wi-Fi, nem de 4G e nem torre de celular. Não tem TV na casa. Por causa do frio que faz na região, a casa já vem munida com lenhas cortadas para alimentar a lareira da sala ou a fogueira no quintal. É um ambiente perfeito para se desligar e se reconectar consigo mesmo. Eu, particularmente, levei minhas telas em aquarela para desenhar e para meditar.
Rouge Outdoor Experience
Campos do Jordão, SP
Campos do Jordão sempre me atraiu, pelo apelo turístico que tem essa cidade histórica. Já fui lá várias vezes, e sempre me hospedo no Rouge Outdoor Experience, um local que, embora no centro da cidade, fica no meio de uma reserva florestal. As acomodações? Trailers! Isso mesmo, apenas 5 trailers da década de 1970 em um pátio a céu aberto, iluminado por um carretel de luzes que confere um clima romântico pro ambiente. Embora simples, o atendimento é totalmente VIP. Você recebe uma cesta com marshmallows para gratinar na fogueira, acesa pelos anfitriões, e tem a opção de pedir fondue a qualquer hora. Aliás, Campos do Jordão é movida pelo fondue, por ser uma cidade muito fria. Na minha primeira vez por lá, saí de 39ºC em Maringá para enfrentar 7ºC. Detalhe para o café da manhã: uma cesta de pique-nique linda e muito bem servida, que você leva mata adentro para comer em uma das mesinhas de ferro forjado espalhadas pelo jardim. Um encanto!
Nota de rodapé: Nathalia Samorano é arquiteta e diretora criativa da Century, marca de estofados criado por seu pai, Julio Samorano, e que rompeu fronteiras chegando em países da América Latina e Estados Unidos. Sua paixão pelo turismo derivou da sua paixão pela natureza, é por isso que seu principal passatempo é pesquisar novas possibilidades de viagens através do AirBnb.
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